Quase 400 Milhões Podem Estar Infectados por Strongyloides

Quase 400 Milhões de Pessoas em Todo o Mundo Podem Estar Infectadas pelo Vermes Parasitários ‘Strongyloides stercoralis’

A infecção pelo verme intestinal Strongyloides stercoralis pode ser quatro vezes mais comum do que as estimativas atuais sugerem, de acordo com um estudo conduzido pelo ISGlobal, uma instituição apoiada pela “la Caixa”. A pesquisa revela uma correlação significativa entre a prevalência de Strongyloides e de outro verme parasitário, o hookworm (verme de gancho). Esses novos dados ajudarão a atender a crescente demanda por ivermectina, um medicamento utilizado no tratamento de várias doenças tropicais negligenciadas.

Os vermes intestinais representam um grande problema de saúde pública, motivo pelo qual a Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou ações de controle em 2001. Atualmente, os helmintos transmitidos pelo solo que são alvo de campanhas de controle em massa incluem o Ascaris lumbricoides (verme da lombriga), Trichuris trichiura (verme do chicote) e os vermes de gancho Necator americanus e Ancylostoma duodenale. Recentemente, o controle eficaz de Strongyloides em crianças em idade escolar foi incluído nas metas de saúde para 2030. Para alcançar esse objetivo, é fundamental ter estimativas mais precisas sobre a prevalência e a distribuição geográfica de Strongyloides, a fim de garantir uma produção adequada de ivermectina.

“O problema é que os dados sobre a prevalência e a morbidade de Strongyloides são escassos, e isso se deve à dificuldade em diagnosticar a infecção”, explica o coordenador do estudo, Alejandro Krolewiecki. “As estimativas atuais, que apontam de 30 a 100 milhões de pessoas infectadas, são baseadas em relatórios que carecem de evidências científicas”, acrescenta. Neste estudo, a equipe de pesquisa baseou-se na observação de que hookworm e Strongyloides compartilham características biológicas e epidemiológicas, como a forma de infecção, fatores de risco e distribuição etária dos hospedeiros, além de uma sobreposição na distribuição geográfica.

Os autores realizaram uma revisão sistemática para estabelecer um coeficiente de correlação entre as duas infecções. A análise incluiu 119 artigos publicados nos últimos 20 anos que relataram prevalência para ambas as infecções, em crianças em idade escolar ou na comunidade. Os artigos revisados incluíram quase 100 mil indivíduos de cinco regiões geográficas. Com base nos coeficientes de correlação obtidos no estudo, a equipe estima que cerca de 386 milhões de pessoas estão infectadas com S. stercoralis em todo o mundo, das quais 22 milhões são crianças em idade escolar.

A falta de saneamento adequado é um fator de risco comum para ambas as espécies, o que ajuda a explicar a associação entre as infecções. “Esses resultados indicam que podemos usar a prevalência de hookworm como um proxy para estimar a carga global de infecções por S. stercoralis”, afirma Helena Martí, co-autora e pesquisadora do ISGlobal, que participa com Krolewiecki de um projeto para estudar a eficácia da combinação de ivermectina e albendazole no tratamento de helmintos transmitidos pelo solo, incluindo Strongyloides.

O aumento da prevalência de Strongyloides stercoralis em várias regiões do mundo deve ser uma preocupação para as autoridades de saúde pública. O conhecimento sobre a distribuição geográfica e a carga de infecção é crucial para a implementação de estratégias de controle. A combinação de tratamentos, como a administração de ivermectina e albendazole, pode ser uma abordagem promissora para reduzir a incidência de infecções parasitárias.

Além disso, a colaboração internacional e a troca de informações entre os países são essenciais para enfrentar esse desafio. A educação em saúde e a promoção de condições sanitárias adequadas também desempenham um papel fundamental na prevenção de infecções por vermes intestinais. O fortalecimento das capacidades locais para diagnosticar e tratar essas infecções pode contribuir significativamente para a redução da carga de doenças parasitárias.

Em conclusão, a importância de abordar a infecção por Strongyloides stercoralis não pode ser subestimada. Com novos dados e estratégias eficazes, é possível avançar no controle dessa infecção e melhorar a saúde pública global.

Referência: Pedro E. Fleitas, Marina Travacio, Helena Martí-Soler, M. Eugenia Socías, Walter R. Lopez, Alejandro J. Krolewiecki. The Strongyloides stercoralis-hookworms association as a path to the estimation of the global burden of strongyloidiasis: A systematic review. PLoS Negl Trop Dis. 2020. https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0008184


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Observação Importante: As informações aqui apresentadas não substituem a avaliação ou o acompanhamento profissional. Sempre consulte um médico ou especialista em saúde para orientações personalizadas.

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