Híbridos Parasitários Admixture Entre Genomas de Espécies

Parasitas Híbridos: Detectando a Mistura entre Genomas de Espécies

Pesquisas recentes revelam como dois parasitas nematoides marinhos estão se reproduzindo em uma área de contato de suas distribuições geográficas. O estudo mais recente, intitulado Hibridação e introgressão do genoma mitocondrial entre as duas espécies Anisakis pegreffii e A. simplex (s.s.) utilizando uma abordagem ampla de genotipagem: implicações evolutivas e ecológicas, está disponível em acesso aberto na revista Parasitology.

Por que estudar parasitas híbridos?

No mundo natural, as espécies nem sempre permanecem separadas. Às vezes, quando seus caminhos se cruzam, elas podem intercruzar-se. Esse processo — denominado hibridação — é surpreendentemente comum e pode desempenhar um papel significativo na evolução. Para os parasitas, a situação é especialmente intrigante. Quando diferentes espécies se misturam, sua prole pode adquirir características incomuns. Essas características podem influenciar a forma como se espalham, se tornam mais difíceis (ou mais fáceis) de serem combatidas por hospedeiros, ou até mesmo alterar o risco que representam para os seres humanos.

Foi exatamente isso que os cientistas observaram nas águas ao largo do sul da Espanha. No Atlântico e no Mar de Alboran, duas espécies de parasitas semelhantes a vermes — Anisakis pegreffii e Anisakis simplex (s.s.) — frequentemente se tornam vermes adultos no mesmo hospedeiro de mamífero marinho. Onde suas distribuições geográficas se sobrepõem, eles não apenas compartilham espaço e condições de hospedagem, mas também podem cruzar-se.

Como identificar um parasita híbrido?

Externamente, os híbridos parecem idênticos a seus progenitores. Portanto, os cientistas recorrem à genética — como se estivessem examinando a “impressão digital” do DNA do parasita. Neste estudo, os pesquisadores utilizaram um conjunto de ferramentas genéticas poderosas para comparar parasitas da zona de contato com aqueles de outras áreas. Ao verificar muitos pontos diferentes no genoma, eles puderam identificar quais indivíduos eram espécies parentais puras e quais eram híbridos, conseguindo até distinguir entre cruzamentos de primeira geração e “backcrosses” (híbridos que se reproduziram novamente com uma das espécies parentais). Essa análise é comparável a um trabalho de detetive: cada parasita carregava uma mistura de pistas genéticas revelando quem eram seus pais.

Descobertas dos cientistas

Os resultados foram fascinantes:

  • Híbridos são reais. Aproximadamente 5% dos parasitas encontrados eram híbridos de primeira geração.
  • Existem backcrosses. Alguns híbridos reproduziram-se novamente com uma das espécies parentais, embora estes estivessem em estágio larval.
  • Confusões mitocondriais. A equipe encontrou evidências de que A. simplex (s.s.) transmitiu seu DNA mitocondrial (os genes “potência” normalmente herdados da mãe) para A. pegreffii — algo nunca antes observado, como resultado de eventos de hibridação passados ou paleo-híbridos.

Embora a hibridação seja rara, definitivamente está ocorrendo. E quando as espécies se sobrepõem, especialmente se uma delas for muito menos comum, as chances de cruzamento aumentam.

Por que isso importa?

Em um nível, isso oferece uma visão fascinante da evolução em ação. A hibridação é possível para esses parasitas, enquanto barreiras reprodutivas ainda os mantêm, em grande parte, distintos. Porém, essa questão é importante também para a ecologia e a saúde. Se os parasitas híbridos se comportam de maneira diferente de seus progenitores — talvez se espalhando mais rapidamente, sobrevivendo melhor ou alterando a forma como infectam peixes e humanos — isso pode ter consequências reais para os ecossistemas, a pesca e a segurança alimentar.

Além disso, o estudo destaca a importância de analisar muitos genes, e não apenas um. Se os cientistas se baseassem em um único marcador genético, poderiam perder completamente os híbridos e mal interpretar o que estava acontecendo nessas populações marinhas.

A Parasitology é uma revista especializada importante que cobre os últimos avanços no assunto. Ela publica pesquisas originais e artigos de revisão sobre todos os aspectos da parasitologia e das relações hospedeiro-parasita, incluindo as mais recentes descobertas em bioquímica, biologia molecular e genética de parasitas, ecologia e epidemiologia no contexto das ciências biológicas, médicas e veterinárias.


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Observação Importante: As informações aqui apresentadas não substituem a avaliação ou o acompanhamento profissional. Sempre consulte um médico ou especialista em saúde para orientações personalizadas.

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